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coloca assim: foi Dom Pedro I quem pro-cla-mou... |
Nessa história eu tinha 11 anos de idade, estava na quinta série. Era a semana da pátria, a semana do 7 de setembro. Dessa vez o colégio teve a grande ideia de fazer uma gincana competitiva entre as quintas séries com o tema da independência do Brasil. Desconsiderando o fato de a história da independência ser questionável, se D. Pedro I estava em cima de um cavalo ou com dor de barriga quando disse Independência e/ou Morte, essa é uma época em que os professores querem passar a importância do acontecimento para os alunos e tudo o mais.
Sendo assim, era preciso que um dos alunos da sala coordenasse os outros durante a gincana. Nisso, uns 5 alunos se levantaram para concorrer ao cargo de "chefe". Eu fiquei sentada, claro. Dor de cabeça pra quê? Então a professora: "Vai, Ana! Levanta, vai, vai!" Aí eu, com aquela cara de me fazendo de difícil, fiquei em pé. Automaticamente todo mundo sentou, menos uma menina, a Janaína. Então as amigas dela votaram nela e o resto da turma votou em mim.
Confesso que com 11 anos eu era um pouco temperamental e logo vi que coordenar aquilo não seria fácil. Fiquei um bom tempo preparando umas colagens e então outras gurias pegaram e colaram totalmente fora de ordem, o que me deixou extremamente irritada. Lembro-me de ter dado uma bronca nelas, porque não havia tempo e logo as professoras iam passar pelas salas, com aquela cara de paisagem, avaliando nossos trabalhos.
Eu já criticaria toda a gincana, mas teve um fato tão pior que vou ater-me a ele: uma das tarefas era fazer uma música. Isso mesmo. Piazada de 11 anos fazendo uma música sobre a Independência do Brasil. E eu tinha que supervisionar o nosso vexame. Uns meninos apareceram com um rap que falava do Dia do Fico, inclusive. E eu não entendi uma palavra do que eles disseram. Nisso veio outro com a música do bate forte o tambor, eu quero tique tique tique tique tá, a qual foi escolhida. Não ficou bom, mas era o que tinha.
No dia da apresentação, vimos as outras turmas se apresentando. Obviamente teve a turma do rap, em que ninguém entendia o que os meninos falavam, a não ser o refrão, que dizia Independência ou Morte, mas também tinha coreografia, com as meninas vestidas como no filme Mudança de Hábito 2, garotas rebeldes com cara super séria, porque o esquema era sério, muito sério, era um rap sobre a independência, yo!
Outra turma foi só de garotas, que utilizaram a música Garota Nacional, do Skank, cujo refrão ficou assim: "Portugal-gal-gal, Portugal-gal-gal-gal, é o nosso tchau! (2x) Eeeeee-e-e-e-eu quero ter muita sorte! Pra conhecer o rio... o rio da independência ou morte!"
Mas claro, chegou a vez da nossa apresentação. Lembro-me da Janaína, que estava usando uma jardineira e havia pintado o rosto de verde e amarelo, dizendo ser a mascote. O menino do teclado estava pronto e logo começaram.
O refrão era algo como "Eu quero, eu quero, eu quero, eu quero libertar!" E o menino do teclado selecionou o som de órgão e ficou tocando apenas os acordes, quando um menino de outra turma, que estava perto de mim, observou que aquilo parecia música de funeral. Era a minha equipe, mas não pude segurar a crise de riso depois deste comentário.
E lá estava a Janaína falando com os jurados para pedir desculpas pela apresentação. Segundo ela, foi o que garantiu nossa nota 8. Eu fiz a única coisa que poderia fazer: dar risada. E estou rindo até hoje.