segunda-feira, 10 de setembro de 2007

não fale com estranhos a menos que eles falem com você

Sexta eu fui caminhar. Foi meu terceiro dia de caminhada neste ano, já que não o fazia desde que eu comecei a sentir dor na minha perna esquerda, no dia quatro de janeiro.

Andando pela avenida, várias pessoas surgiram com cata-ventos coloridos em verde e amarelo. Só então me liguei: 7 de setembro, festa da independência do Brasil. Na hora do almoço minha mãe comentou alguma coisa sobre verde e amarelo, o que me fez pensar que tinha jogo no dia.


Pessoas não paravam de surgir e mais e mais e mais até que eu não conseguia mais andar em linha reta, só desviando, mesmo. Mesmo assim, resolvi continuar no meu caminho de sempre, indo em direção à festa. Muitos vendedores ambulantes, muito barulho, escola desfilando, muita gente e, claro, muita sujeira.


No meio do caminho uma menina me abordou:


“Você vai lá pro lado do parque Okamura?”

“¬¬ Vou” (Na verdade eu não ia atééé o parque, ia voltar um pouco antes.)

“Então eu vou pegar carona com você. Ai, menina, porque minha amiga disse que ia comigo mas daqui ela vai direto pro trabalho.” (Não vou carregar você, não)

“A essa hora?” “Ela é babá” “Ahn...”

“Aí eu tenho medo de andar sozinha e não acho nenhum moto-táxi por aqui e o ônibus não ta passando. Ai, me arrependi, muita gente , uma menina passou mal, acho que não comeu. Porque a gente tem que se alimentar direito quando vai fazer essas coisas. E eu ainda briguei com meu namorado e vim sozinha. Agora eu tou com medo de ir andando.”

Tinha MUITA gente por lá.

[Parabéns pra Cuiabá, para Mato Grosso e toda a sua gente!] (pensei que ia citar o Brasil)

“Eu sempre andava nesse horário ou até um pouco mais tarde, nunca aconteceu nada. Bom, mas você está com o celular, né. Eu não carrego nada, já pra evitar roubo, essas coisas.”

“Ah, não é tanto o problema de roubo, não. É que eu tenho medo, mesmo.” (¬¬) Uma vez (...) chamei um moto-táxi e o cara ficou falando um monte de moage pra mim e eu fiquei com medo.” “Dar em cima?” “É, aí eu fiquei com medo.” “Tudo bem, eu te acompanho” (sigh)

“Você mora pra cá?” “Não, eu moro pra lá. Eu estou caminhando.” “Nossa, eu também quero caminhar, quero perder barriga mas eu não tenho tempo de fazer academia. E eu não gosto de andar sozinha. (Não diga). Se tivesse alguém pra andar comigo eu caminhava todo dia”

[“Olha o cremosinho! Um realzinho o salgado!”]

“É, eu gosto.” “Mas então, o que você teve na perna?” “Já ouviu falar em trombose? Então...” (resumo da história) “Mas você tem filho?” (como assim?)

“Não, sou muito nova pra ter filho. Eu só estudo. Você estuda?” (carteirada) “Tou no segundo ano.” “Então você tem 16 anos?” “Tenho vinte!” “É porque quando eu estava no segundo ano eu tinha 16.” (carteirada 2) “Ah, eu brinquei muito. Ah, olha ali, acho que é moto-táxi! Vou lá ver!”

Esperei deste lado.

“Amiguinha! Eu já vou indo, então! Tchau, obrigada!” (amiguinha) “Tchau!”

[Fulana de Tal, sua mãe te espera aqui no palco]

Não sei o dela e ela não sabe o meu nome. Melhor assim.

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