quinta-feira, 8 de novembro de 2007

orgulho e preconceito

Apenas um pretexto para ficarmos juntas. Decidimos, em cima da hora, juntar-nos à turma que iria visitar o ... Fomos em três dormir na casa de mais uma, quatro no total. Conversamos e conversamos e conversamos mais. Então assistimos um filme. E conversamos mais. Duas num quarto, duas no outro. E conversei mais. Depois das quatro da madrugada dormimos. Logo em seguida acordamos para a tal visita.

Chegando lá, a apresentação/explicação via desenho (sub)animado já havia começado. Recebemos uma pasta com alguns folhetos e um gibi, que nada mais era do que a animação em quadrinhos, mesmas falas, mesmo personagens etc. O que a gente sente quando vê algo assim? Pediram para irmos arrumados, já que o lugar exigia tal seriedade. Chegamos lá e estava um desenho extremamente simples para nos explicar a função do lugar. Ao meu lado estava Lord Barl, então perguntei a ele do que se tratava aquilo, quando ouvi “Isso porque você perdeu a explicação da tia antes da animação” É, nada é tão ruim que não possa piorar. Foi quando perguntei para minhas amigas “Será que, quando os alunos da ... (outra universidade) vêm aqui, são os Teletubbies que explicam?” Porque, sinceramente. Após o desenho, a tia (à qual Lord Barl tinha se referido) foi lá na frente perguntar o que achamos. “O que acharam da linguagem? Difícil, acessível?” Claro que um “acessível” uníssono foi o que ela ouviu. Então desandou a falar, fazendo gracinhas sem graças, sobre o lugar, disse que ela fica feliz quando vamos lá porque somos todos chefes dela, que ela trabalha para o povo. Na hora eu pensei em qual resposta será que ela me daria caso eu lhe ordenasse alguma coisa. Afinal, sou chefe, né. Na verdade, o que ela quis dizer, é que ela nos deve satisfação. Mas se ela esperava que eu chegasse em casa dizendo: “Mãe, lá no ... a tia disse que eu sou chefe dela!”, pode esquecer. Porque nessa eu não caio mais.

Mostrou também um vídeo explicando a idéia da realização do desenho. E a palavra de ordem era: lúdico. Perdi as contas de quantas vezes falaram essa palavra, tanto no vídeo quanto a própria tia durante a explicação. Como alguém que aprende uma palavra nova e não vê a hora de usá-la.

Após este desapontamento, ocorreu um coffee break, no qual aproveitamos para socializar-nos com os outros indivíduos e conhecer um pouco mais dos aposentos do local. A que possui carro propôs que fôssemos embora. Achamos melhor consultar Lord Barl, que afirmou, sem pestanejar, que, se ele fosse nós (que impropério!), iria embora sem pensar duas vezes. Foi o suficiente.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

there and back again

Escrevo porque a ocasião pede, não porque tenho vontade. As coisas acontecem porque têm que acontecer. Lembro que, quando voltei, todos perguntavam “E aí, como foi?” Nessa hora, a primeira coisa que vinha à minha cabeça era nada. Quase cinco meses longe, tanta coisa aconteceu e, quando perguntavam, eu só dizia: “Foi muito bom” ou “Valeu a pena” Porque isso que importa, se valeu a pena. Minha amiga até brincava: “Defina sua experiência em 4 palavras” “Foi muito bom, gostei bastante” Hm, já foram 5. Que tal “Gostei bastante, espero voltar”? Enfim, foi algo pelo qual eu pedi e foi, com certeza, a experiência mais marcante da minha vida (até agora, já diria o Homer).

Um dia eu estava sentada na frente do computador e meu pai sentou do meu lado e disse “precisamos conversar” “Já vem...” pensei. Foi então quando ele disse “se você quer ir, vai agora. Tranca a faculdade e vai” Minha mãe só reforçou a idéia. Na verdade, ela que conversou com meu pai sobre isso. Foi uma emoção muito forte. Ir atrás de passaporte, vacinas... 1 mês se passou da conversa e eu estava indo. Uma lembrança que sempre me vem à mente, mas que não gosto de lembrar: a minha despedida. Chorei como uma criança. Incrível que eu estou de volta há sete meses mas, mesmo assim, toda a vez que lembro, me entristeço. Acho que sei o motivo... minha mudança de turma por causa do trancamento de matrícula (curso anual, trancou, perdeu o ano). Desde que eu entrei pro curso, não poderia ter imaginado uma turma melhor do que a minha. Não me arrependo de ter trancado, nem nada. Mas isso não vai me fazer ficar feliz por não estudar na mesma sala que eles. Assisti a algumas aulas com eles este ano. Não me vejo mais como fazendo parte da sala. Minha mãe sempre diz “ninguém é insubstituível” Nem venham falar que não é verdade porque, se assim fosse, ninguém trocava de namorado. Não me refiro à pessoa em si, mas sim ao espaço que ela ocupa, a posição, sua “função”.

Na turma da noite tenho apenas um amigo com quem converso mais. As aulas são cheias de carteiras vagas. Tem um pessoal bacana, mas não como a minha antiga turma. Na atual é cada um na sua e não me encaixo muito bem no esquema. Mas levo como posso.

A volta não foi nada fácil. Tive que afundar mais um pouco para, lá no fundo, pegar impulso para subir. As circunstâncias não facilitam mas poderia ser pior. Nada é tão ruim que não possa piorar, não é assim?

Mas do que estou me queixando? Quanta tolice, não? Comecei esse texto pra falar isso: Um ano, hoje.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

"dorme, vecchio."

Aqui em casa tem uma coisa que gira em torno dos computadores. Todos nós usamos, todos os dias e muitas vezes. É trabalho, estudos ou entretenimento. Pra piorar, meu pai tirou licença médica e férias. O velho está aqui o dia inteiro, quase todo o momento no computador, fazendo seu mestrado. É ele levantar para ir ao banheiro que “rapidinho, pai! Só vou ver meu email!” Mas ele não deixa por menos “é eu sair que alguém já se apodera do computador!”. E assim é o dia todo. Tanto que, muitas vezes, eu estou na cozinha e venho pra sala pra procurar alguma coisa e, automaticamente, ele diz: “já estou saindo, filha” “Mas eu nem vou usar, eu tou ocupada”. E agora ele deu pra ficar ouvindo mp3 “Ah pronto, agora que ele não sai do mundinho dele”, diz minha mãe. Ontem precisávamos usar o computador pra fazer um projeto para a aula de metodologia e ele achou ruim. Senta no canto mais afastado do sofá pra assistir TV e, quando percebemos, estamos gritando, porque a TV está numa altura insuportável “Abaixa o volume!”, reclama minha mãe “Ah, ele quer chamar atenção!” afirma meu irmão, sem mencionar os inúmeros “Ô, pinduca!” que falamos pra ele.

Ontem teve a cena mais bizarra de todas. Meu pai, com dor de cabeça e cansado, foi dar uma deitada no quarto. Minha mãe atende o telefone e uma mulher pede pra falar com ele, dizendo que era de uma editora. E minha mãe, então, pergunta: “Editora Pini?” e a mulher, surda, responde: “Sim”. Como meu pai estava esperando a ligação dessa mulher, levou o telefone pro meu pai. Tempos depois, ele aparece na sala, eu e minha mãe em pé, meu irmão em um dos computadores e meu pai com o telefone na mão. No exato momento que ele apareceu, foram instantâneos “Pinduca! Usa aqui, Pinduca!” “Tá livre esse aqui, pai” (minha mãe apontando para o computador desocupado e eu “É, pai, usa esse!” E ele “Gente, eu tou falando aqui com a mulher”, “a mãe”, pensei. Só então ele, no ritmo dele, tampa o telefone para a mulher não ouvir o que a gente estava falando. Mas claro que ela ouviu, a gente tava gritando... enfim, eu tive uma crise de riso e tive que sair de perto e, pra completar, era da editora Abril, não Pini, como meu pai estava esperando.

Essa cena é apenas uma, dentre tantas. Todas frutos de uma convivência contínua e forçada mas, nem por isso, desagradável. Nos damos todos muito bem.

E claro, assim que fomos para a faculdade, ele sentou feliz, em seu computador.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

não fale com estranhos a menos que eles falem com você

Sexta eu fui caminhar. Foi meu terceiro dia de caminhada neste ano, já que não o fazia desde que eu comecei a sentir dor na minha perna esquerda, no dia quatro de janeiro.

Andando pela avenida, várias pessoas surgiram com cata-ventos coloridos em verde e amarelo. Só então me liguei: 7 de setembro, festa da independência do Brasil. Na hora do almoço minha mãe comentou alguma coisa sobre verde e amarelo, o que me fez pensar que tinha jogo no dia.


Pessoas não paravam de surgir e mais e mais e mais até que eu não conseguia mais andar em linha reta, só desviando, mesmo. Mesmo assim, resolvi continuar no meu caminho de sempre, indo em direção à festa. Muitos vendedores ambulantes, muito barulho, escola desfilando, muita gente e, claro, muita sujeira.


No meio do caminho uma menina me abordou:


“Você vai lá pro lado do parque Okamura?”

“¬¬ Vou” (Na verdade eu não ia atééé o parque, ia voltar um pouco antes.)

“Então eu vou pegar carona com você. Ai, menina, porque minha amiga disse que ia comigo mas daqui ela vai direto pro trabalho.” (Não vou carregar você, não)

“A essa hora?” “Ela é babá” “Ahn...”

“Aí eu tenho medo de andar sozinha e não acho nenhum moto-táxi por aqui e o ônibus não ta passando. Ai, me arrependi, muita gente , uma menina passou mal, acho que não comeu. Porque a gente tem que se alimentar direito quando vai fazer essas coisas. E eu ainda briguei com meu namorado e vim sozinha. Agora eu tou com medo de ir andando.”

Tinha MUITA gente por lá.

[Parabéns pra Cuiabá, para Mato Grosso e toda a sua gente!] (pensei que ia citar o Brasil)

“Eu sempre andava nesse horário ou até um pouco mais tarde, nunca aconteceu nada. Bom, mas você está com o celular, né. Eu não carrego nada, já pra evitar roubo, essas coisas.”

“Ah, não é tanto o problema de roubo, não. É que eu tenho medo, mesmo.” (¬¬) Uma vez (...) chamei um moto-táxi e o cara ficou falando um monte de moage pra mim e eu fiquei com medo.” “Dar em cima?” “É, aí eu fiquei com medo.” “Tudo bem, eu te acompanho” (sigh)

“Você mora pra cá?” “Não, eu moro pra lá. Eu estou caminhando.” “Nossa, eu também quero caminhar, quero perder barriga mas eu não tenho tempo de fazer academia. E eu não gosto de andar sozinha. (Não diga). Se tivesse alguém pra andar comigo eu caminhava todo dia”

[“Olha o cremosinho! Um realzinho o salgado!”]

“É, eu gosto.” “Mas então, o que você teve na perna?” “Já ouviu falar em trombose? Então...” (resumo da história) “Mas você tem filho?” (como assim?)

“Não, sou muito nova pra ter filho. Eu só estudo. Você estuda?” (carteirada) “Tou no segundo ano.” “Então você tem 16 anos?” “Tenho vinte!” “É porque quando eu estava no segundo ano eu tinha 16.” (carteirada 2) “Ah, eu brinquei muito. Ah, olha ali, acho que é moto-táxi! Vou lá ver!”

Esperei deste lado.

“Amiguinha! Eu já vou indo, então! Tchau, obrigada!” (amiguinha) “Tchau!”

[Fulana de Tal, sua mãe te espera aqui no palco]

Não sei o dela e ela não sabe o meu nome. Melhor assim.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

dialogue

"You are too young to be here.
Sorry?
You are too young to be here!
Não tou entendendo o que ele tá falando...
Acho que ele tá dizendo que você é muito jovem pra estar aqui...
Oh! Yeah, yes, I am...
Why you are here?
Thrombosis.
Well... you are too young to be here..."
Não conseguia entender o inglês daquele senhor de idade, na fila para o exame de sangue. Sotaque diferente do que eu estava acostumada e boca meio caída dificultaram um pouco. Mas a conclusão à qual ele chegou só poderia ser uma: that I was too young to be there.

sábado, 1 de setembro de 2007

solidão

Depois de um dia de desespero, eu me via mais aliviada. Havia trocado de roupa, colocado o pijama do hospital, enrolada no roupão, também do hospital. Caminhei (mancando, por causa da dor) silenciosamente até minha cama, a penúltima naquela ward de 26 leitos. Era em torno de 11 e meia da noite. As luzes apagadas, a maioria das pacientes dormindo, algumas enfermeiras também e eu me deitei. Com um leve frio na barriga, por não ter previsto que um dia eu estaria num lugar como aquele, com tanta gente que eu não conhecia, num país que não o meu, falando uma língua que não a minha. Um tanto quanto sozinha, assim eu me senti. E ainda assim me sinto, hoje.

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

necessidade de escrever

"Nos períodos difíceis de minha vida, rascunhar frases - mesmo que não sejam lidas por ninguém - me reconforta tanto quanto a prece ao crente: pela linguagem supero meu caso particular, comundo com toda a humanidade. É, na minha opinião, uma das tarefas essenciais da literatura, e que a torna insubstituível: superar essa solidão que nos é comum a todos e que apesar disso nos torna estranhos uns aos olhos dos outros."

Simone de Beauvoir

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

nerd

Alguém que não estuda e vai mal em uma prova: tudo bem.

Alguém que estuda e vai mais ou menos na prova: tudo bem.


Alguém que estuda e vai super bem na prova: melhor ainda.


Agora, alguém que se mata de estudar e não sabe do que a prova está falando: nada bem.



Tenho colegas que, quando se acham injustiçados por algum professor, têm um sentimendo de vingança. Teve um que uma vez riscou o carro do professor com uma tampinha de cerveja "fez até barulho!" disse ele, todo orgulhoso.


Conversando com o meu amigo ontem, depois da prova, falamos a mesma coisa que falamos na prova anterior (no caso dele, nas anteriores, porque eu não fiz uma por estar em São Paulo): "Nossa, esse professor vai ver, vou estudar muito pra próxima prova, vou tirar 10!"


O pior é falar com ar de vingança, como se o professor fosse ficar triste em nos dar boa nota. Se bem que, dependendo do professor, pode até ser que isso aconteça. Agora, vingar-se por causa de uma nota baixa estudando mais ainda para aumentá-la, isso sim, a meu ver, é a vingança dos nerds! No caso, vingança DE nerd.

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

crème de la crème


Eu costumava ter um blog. Acho que tive por mais de 1 ano, não recordo muito bem. Não sei muito bem o motivo pelo qual eu parei de escrever. Mas a vontade de produzir voltou e, como fazer um blog é algo muito fácil, resolvi criar um novo.


A parte mais difícil para se criar um blog é escolher um endereço para o mesmo. Tentei várias opções e sempre alguém já tinha pensado nelas antes. Até mesmo animus blogandi pensaram! Como disse meu irmão, "os nerds não perdoam". Minha mãe também tentou ajudar, mas até a sugestão dela de "goma xantana" já existia. O que a fez registrar todas as boas idéias que tinha. A essa altura ela já registrou uns 3 blogs, só por garantia, antes que alguém tenha a mesma idéia que ela.

Enfim, acostumada que estou com a expressão "crème de la crème" que meu professor usa direto em suas aulas, resolvi, meio que por brincadeira, tentar colocar o endereço como "creme do creme". E funcionou.

Essa expressão, caso alguém não tenha entendido, significa algo como creme do creme, "top of the tops", melhor do melhor. Não que meu blog seja dos melhores. Mas eu pretendo utilizá-lo para postar o "crème de la crème" da minha vida.

PS.: Imagino que o equivalente em português seja "a cereja do bolo" (atualizado em 11 de abril de 2011).