sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

só mais um lamento entre tantos já feitos

Como lamentar sem ser pedante? Como questionar o porquê das coisas sem ter dó de si mesmo? Como fazer a famosa pergunta “O que há de errado comigo?” sem parecer autocomiseração?


É, acho que não tem como. E mesmo assim, continuamos nessa árdua tarefa de tentar compreender o porquê de as coisas serem como elas são e nós, as vítimas por elas assim serem.
Tomando por base um texto da Jane Austen, que diz:


Era mais forte sozinha, e tal era o apoio que lhe propiciava o seu bom senso, que sua firmeza era tão inabalável, e sua aparência tão constantemente alegre quanto era possível face a desgostos tão penetrantes e recentes.



É diferente quando outra pessoa diz isso sobre você ou qualquer outro, que seja. Soa mais digno, como reconhecimento. Não me lembro de alguém ter dito algo parecido com isso para mim. Creio que foi mais uma conclusão a qual eu cheguei ao ler esse trecho e perceber que esta era, de certa maneira, minha realidade.


Não que eu não tenha com quem contar, como amigos ou minha mãe. Mas nem sempre nos sentimos confortáveis em nos abrir e nem sempre as pessoas possuem as respostas para nossas dúvidas. O que, via de regra, é bem comum acontecer comigo.


Muitos se sentem à vontade para falar comigo sobre seus problemas. E eu não me importo, pois em muito me agrada ser útil aos outros. E, pra falar a verdade, o problema dos outros não é nada se comparados aos nossos (vistos por nós mesmos). Eu posso estar super mal e, mesmo assim, se alguém vier se abrir comigo, eu tenho o que falar para pessoa. Não que eu tenha fórmulas prontas ou sempre tenha algo a dizer. Às vezes só querem ser ouvidas. E eu gosto de ouvir os outros. Sem contar que raramente o que eu falo é levado em conta. Afinal, não falo nada de excepcional ou que alguém já não tenha dito antes. Nada há de novo embaixo do sol. Inclusive os problemas. Eles se repetem. Briga em família, morte de alguém próximo, doenças etc. Não que, por isso, eles sejam menores ou menos dolorosos.


Uma coisa que eu aprendi é que cada um tem sua porção. Alguns têm uma vida mais amarga e nem por isso são menos felizes. Outros mal suportam pequenos dissabores. Sempre achei que minha porção não era das mais fáceis. Quando lembro tudo o que passei, continuo achando que minha vida não foi muito easy, de fato. Mas nem por isso foi ruim ou em vão. Apenas foi. E é pena que eu ainda não tenha encontrado alguém com quem dividir todas essas histórias. Acabo distribuindo, em doses homeopáticas, um pouco da minha história aqui e ali. Mas já percebi que nem todos têm paciência para (me) ouvir. Mas sei que se leva um tempo até termos nossas histórias valorizadas. Não quero banalizar minhas experiências. Então, se for pra dividir, que seja com aquelas pessoas que, de alguma maneira, fazem parte da minha vida e da minha história.


E não digo isso da boca pra fora. Muitas vezes já contei algo que era muito relevante pra mim e tive que interromper minha fala, seja por distração, desinteresse ou porque tinha algo mais importante acontecendo. Nessas horas eu penso “Perdi a oportunidade de ficar quieta.”


Mas eu continuo falando e perdendo a oportunidade de ficar quieta. Quem sabe, um dia, alguém me descubra. Mas não conto com isso. Expectativas, ainda mais por coisas boas, nunca deram muito certo comigo. E, enquanto esse dia não chega, muitas caminhadas e reflexões solitárias (pois muito me são necessárias) acontecerão e, também, como não poderia deixar de ser, textos tolos e amargos ainda estão por vir.


Ponderei que seria pedante...

2 comentários:

Xisto Bueno disse...

Como diz a letra do Lulu. "nem sempre é so easy se viver". De mais a mais, ninguém disse que seria. Ainda assim, a estrada é bela e caminhadas solitárias são boas, se se souber apreciar a paisagem. E se nem a paisagem for bela, já vale à pena não estar parado.
E que ao fim se diga: "amei demais a aventura para não amar também a morte".
Super beijo, Analinda!

Ps: deletei o anterior por ter um erro de digitação. :)

zeldaboy disse...

que 'bonito' seu blóg.
haha!
;D