quinta-feira, 24 de março de 2011

ah, o colégio!


Já contei essa estória para algumas pessoas mas, para garantir que ela não se perca no tempo, contarei novamente, aqui, por escrito.

Era uma aula de geografia no meu segundo ano do ensino médio. Não que eu me lembre de todas as aulas que eu tive naquele ano, muito menos as de geografia que, apesar de constituir uma disciplina interessante, não tornava a aula atrativa. De qualquer forma, estávamos lá, na aula. Eu sentava no fundo, nessa época, mas não por escolha minha. A coordenação escolhia os assentos e mudava nossos lugares conforme necessário (eles me mudaram pra cadeira ao lado por conversar demais). Mesmo no fundão e conversando muito, eu era nerd e cdf. Pelo que me lembro, até gostava de estudar. Mas não chegava a ser uma weirdo ou coisa que o valha. Relacionava-me bem com a maioria da sala. Ou talvez não tão maioria, assim.

Tudo isso pra dizer que eu sentava no fundo e que, por isso, tive uma visão privilegiada do acontecimento que vou narrar a seguir.

Como já disse, aula de geografia e professor também de geografia, obviamente. Ele era um sujeito com cara de colono. Alto, magro, olhos azuis, meio careca e grisalho. Não me recordo muito bem. Ele era sossegado, não falava alto nem nada. Não é à toa que eu não me recorde das aulas dele. E se dessa aula eu me lembro não é por mérito dele.

A aula transcorria normalmente, não lembro o assunto, claro, mas girava em torno de petróleo, provavelmente. Nenhuma novidade até aí, afinal, todos os professores de geografia falam de petróleo.

Durante a aula, uma das alunas, na tentativa de ser participativa, teceu um comentário que continha uma informação do tipo "milhões (ou bilhões, não lembro) de dólares". E acho que tinha a ver com petróleo, também.

Antes que o professor pudesse comentar o comentário da colega, eis que um menino que sentava na mesma fileira que ela, o Chico, fala em voz bem audível que aquilo não passava de uma mentira! "É MENTIRA, BETINA!"

Todos fomos surpreendidos pela fala dele e, mais ainda pela reação dela. Betina não deixou por menos e retrucou, quando vimos, os dois estavam em pé gritando um com o outro. Chico não segurava o sorriso, afinal, ele era um fanfarrão (e babaca, também), e era evidente que estava, não sei por qual motivo, zoando a aula.

"Que mentira o quê, piá??!! É verdade, sim!!!"
"Nossa, guria, você tá mentindo, deixa de ser mentirosa!!"
"Mentirosa?? Eu vou provar pra você!!"
"Prova, então!"
"Eduarduô! Eduarduô! Me dá aqui a revista!"

Eduardo era um menino bem tímido, acho que nunca ouvi a voz dele. Era bem bonito, até. Tinha os olhos verdes e as bochechas rosadas. Garoto tímido cute, sabe? Mas, assim como dessa aula de geografia, se me lembro dele é por conta da discussão.

Enfim, Eduardo, meio assustado, abaixa e pega a revista que estava em sua mochila, enquanto a discussão continuava e entrega para Betina, que arranca de suas mãos.

Nisso ela começa a folhear a revista loucamente à procura do artigo que comprovasse seu comentário.

"Vou provar pra você!"
"Mostra, mostra então, eu quero ver!"
"Vou mostrar!! Tá aqui, ó!"
"Dá aqui que eu quero ver!"

Não contente, Chico rasga a página da revista e depois disso não me recordo muito bem o que aconteceu. Os ânimos se acalmaram rapidamente, cada um sentou no seu lugar e o professor que tinha ficado assistindo a cena com um sorriso no rosto, apenas disse algo do tipo "Tá bom, já deu, cada um pro seu lugar..." e continuou a aula como se nada tivesse acontecido.

Eu, que presenciei a cena, ainda tenho dificuldade em acreditar que isso realmente aconteceu. Não sei se eles combinaram e quiseram agitar a aula, se agiram por impulso, enfim. Só sei que aconteceu e rendeu-me grandes gargalhadas (que eu tive que abafar, já que estávamos em aula).

Esse foi um daqueles episódios que fazem a escola valer a pena. Afinal, todos sabemos que, se frequentamos escola desde pequenos, é pra fazer amigos e que, uma vez que passamos no vestibular, 90% do conteúdo que aprendemos ao longo da vida, é esquecido.

3 comentários:

Sarah disse...

hehehe mto bom seu post, Megan!

- barraco no meio da aula é mto legal!

- me apresenta o Eduardo

- concordo mto com o último parágrafo hehhehe!

- vc escreve mto bem! preciso de umas aulas.

beijos

Ana disse...

Mégan, não tinha contato com o Eduardo na época, não sei nem o sobrenome dele para rastrear pra você. Hehehehe

Mas com certeza você seria muito a fim dele!

João disse...

Bate boca, o grande momento de qualquer aula, sempre

(no meu colégio essas coisas sempre descambavam pro confronto físico, não sei bem porque)